segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sentado na cadeira da frente...

Por um motivo, digamos que banal, um casal se separa depois de anos. Inevitavelmente, eles voltam a se encontrar com uma celebração importante da sua filha. O tempo o fez mudar... O tempo tornou-lhe mais sensível a tudo! Provavelmente essa sensibilidade e esse brilho nos olhos vieram com a separação. Fitava-lhe por um tempo e percebi que ele a olhava fixamente. Os olhos passavam uma mistura de admiração da mulher que já fora dele e ao mesmo tempo um olhar vazio, de arrependimento. As pessoas realmente são incomuns, elas mudam de destino, mudam suas vidas, terminam relacionamentos e amizades por motivos simplórios, por ego ou orgulho. Por alguns instantes fantasiei uma cena de novela na minha frente. Ele poderia ir atrás, dizer que ainda a ama, mostrar que ainda não a esqueceu. Um pedido de volta... Na frente de todos! Mas isso não aconteceu... Efetivamente, deixamos para trás todo o Romantismo. Tornamo-nos cada vez mais Realista, literariamente falando. Saudades daquele sentimentalismo de Álvares de Azevedo, com a Lira dos Vinte anos, por exemplo.



Ao retornar a cena real (saindo da imaginação da ficção produzida), constatei como, enfaticamente amo ser um espectador. Adoro poder escutar, ver, ler e saber de histórias. Não como fato de ser curioso, ou de simples fofoca que causa interesse. Mas com o fato da comoção causada. De saber que todos têm algo interessante a dizer. Ou que sempre vai existir uma história comovente a surgir. Não nasci pra atuar, pra está no palco, agindo como protagonista. Prefiro os figurantes. Prefiro passar despercebido e saber que fiz parte daquela história, mas do lado de fora, como participante dos bastidores. É enfadonho e cansativo ser um protagonista, em grande parte. Ele precisa sempre ser o centro das atenções, ele precisa sempre causar “emoções” ao receptor. Sempre tem que ter algo a dizer. Já o espectador acomoda-se, escuta, rir, chora e no final “aprende”, da mesma forma que o protagonista, ou por vezes, melhor, pois o mesmo não avalia com olhos julgadores. Entretanto, o espectador é quase que um covarde. Nesse quesito o protagonista sai ganhando, pois ele vivencia o que está passando. O protagonista é antes de tudo, ousado e destemido. Ganham experiências e mais amadurecimento. Porém, a testemunha aprende ao lado, com todo o acontecimento. As poucas vezes que fui o personagem principal, “tremi na base”, não me contive. É preciso ser forte e corajoso ao agir como tal. Contanto, se assim for possível, continuarei no backstage, visualizando e aprendendo. Prefiro mesmo é bater palmas ao final. Rindo ou chorando serei mais cauteloso ao me destacar.

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